Continuo a achar estupidamente complicado de olhar para lá e saber que durante horas será apenas o meu coração a bater naquele espaço para dois. Já faz mais que tempo desde que o calor é partilhado no aconchego do sono e num eventual despertar conjunto. E em nada serve o lamento que sufoca o ardor dessa falta inesperada e sentida, mas o mesmo peso que desliga os sentidos, facilmente é movido para o sarcasmo e melancolia que servem de alimento ao sujeito comum. Consequente dessa prática, surgem momentos de íntima ligação com a mente mais propícia e/ou mais próxima, que tornam toda a memória da experiência num raio de luz intensamente quente. Nada, ou quase nada, é recordado com lamúria ou desgosto e no final de contas o calor acaba por ser suficiente e o espaço por ser ocupado. O espaço literal, porque a lacuna interior, essa não há quem a preencha. Ainda.
Nem Eu Me Conheço
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
Sem receios
Não me voltes a pedir desculpa. Peço-te.
São tantas as palavras que ainda quero ouvir e reouvir da tua boa, mas essa não faz parte da lista. Pelo menos, já não. Durante anos foi fantasia, imaginar-te proferir uma palavra que implicasse erro do teu lado. Contam-se bem os momentos espalhados pelos anos, dos quais tenho seguro que a culpa era tua e não o admitiste. Eu sabia que estavas errado e tu, não admitiste! Ficava furioso por não ter esse reconhecimento e porque no final o erro, era mais um que ficava registado na longa lista. Ficava sentido e magoado.
Revejo em mim, muitas ações e atitudes que vi em ti. Impulsos e nervos, aliados a stress. Já foram várias as indicações à minha forma de ser e, saindo a ti, entendo-te. Mas não acredito que tenhas toda a culpa. São instintos enraizados e que custam a lidar. O nosso psicológico e forma de pensar não toma sempre o caminho correto e quem está mais perto faz de tabela, mais vezes do que é merecido. Luta diária, da qual nunca pensei desistir e que, no entretanto, terá tréguas e dará espaço a melhores memórias.
O sentido e sentimento que tenho agora não transparece o mesmo que sentia antes. Terá sido moldado à medida que também entendia realmente o que vale a pena e há momentos e palavras que não devem ocupar esse tempo. Não quero que me fales como se houvesse a mínima remota chance de me ofenderes ou falares mal. Não quero que tenhas receio de falar comigo sobre o que for, a que horas forem. Não quero que te sintas mal por dizeres algo errado, sem querer ou porque a memória já te pode falhar. Quero que me digas tudo o que tens a dizer, quando tiveres que dizer, sem medo e sem qualquer sentido de culpa.
Houve tanto que mudou, mas há coisas que não quero que faltem. Fala comigo e fala à vontade, tal como eu o faço contigo, sem receios , sobre o que penso e o que faço! Mas não me peças desculpa, por favor. Não és tu que o precisas de fazer, para ser alguém, sou eu! Eu é que tenho que, pelo menos, tentar pedir desculpa e por tanto que nem é possível mesurar. Mas quero fazer por mudar isso, também! Farei por ser melhor e para aproveitar melhor o tempo e as palavras. Quero mais e melhor, por ti, para ti e para nós.