Instalou-se a melancolia. Nada a fazer agora senão passear na 'memory lane'. Ao certo, desconheço o que despoletou recordação. Entre a música, a letra e o detalhe, qualquer um poderá ter sido. Embora o detalhe tenha sido essencial. Daí a designação.
Lembro-me, não como se fosse ontem, mas como se tive sido ainda esta década. Ainda está presente na memória, mas há falhas criadas pelo tempo e distância. Talvez até auto-infligidas, quem sabe. A primeira vez? Não sei quando terá sido. Provavelmente nem notei por ser algo vulgar. É apenas mais uma expressão do corpo humano. Porque haveria de lhe dar especial atenção? A verdade é que assim como cada um é diferente, também as nossas expressões são únicas.
Olhos bem abertos, focados uns nos outros. Mãos à frente da cara, para não deixar ver o sorriso, ou talvez os dentes. E aquele rir. Aquele riso mais que característico, sendo provocado ou não. Difícil era parar. Porque haveria? Sabia tão bem. Ainda o consigo ouvir, em sonhos.
Agora, o mesmo instinto que incentivava a chacota, transforma-se por completo. Com o tempo a memória muda. A chacota passa a saudade. Instala-se a melancolia.
domingo, 25 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
A Luz
Pisquei os olhos. E num piscar tudo mudou. Daquelas coisas que, sem repararmos, vão mudando e quando realmente te apercebes, a diferença é gigantesca. Como do sol para a noite.
Pisquei os olhos de novo. Não queria acreditar na mudança tão repentina. Não pensei que tal fosse possível. No céu apenas um punhado de estrelas se viam.
Pisquei os olhos e desaparecera. Aquele brilho que me guiava ao subir minha rua. Aquela memória que me fazia sorrir quando tudo estava em baixo.
Pisquei os olhos. Não chegou a um segundo, mas às vezes um único segundo pode durar uma vida inteira. Foi o que eu senti naquele instante.
Pisquei os olhos e deixei de a ver. Ultrapassou o alcance da minha visão. Podia dizer que saiu da minha vida, mas seria um exagero. Afinal, apesar de nem sempre a vermos, todos sabemos que a Lua está no mesmo sítio.
Pisquei os olhos de novo. Não queria acreditar na mudança tão repentina. Não pensei que tal fosse possível. No céu apenas um punhado de estrelas se viam.
Pisquei os olhos e desaparecera. Aquele brilho que me guiava ao subir minha rua. Aquela memória que me fazia sorrir quando tudo estava em baixo.
Pisquei os olhos. Não chegou a um segundo, mas às vezes um único segundo pode durar uma vida inteira. Foi o que eu senti naquele instante.
Pisquei os olhos e deixei de a ver. Ultrapassou o alcance da minha visão. Podia dizer que saiu da minha vida, mas seria um exagero. Afinal, apesar de nem sempre a vermos, todos sabemos que a Lua está no mesmo sítio.
domingo, 4 de novembro de 2012
A Cicatriz
"É veneno que corre pelas veias. É vírus implantado no meu cérebro. É pesadelo que me assombra de noite. É miragem que me desorienta durante o dia. É coincidência que não passa despercebida.
Tudo calmo e sossegado. E logo com um som ou vibrar chega-me o sabor do veneno. Amargo e cruel. Magoando-me outra vez. Esmagando o que outrora cicatrizou inúmeras vezes.
Antídoto inexistente. Só o próprio veneno. "Fogo com fogo". Aqui é outro mal que se aniquila a ele mesmo. Ou pelo menos ameniza a dor. Essa não quer acabar. Como um parasita instalou-se e quer ficar. Qualquer lembrança é suficiente para mostrar a sua presença e magoar de novo."
Tudo calmo e sossegado. E logo com um som ou vibrar chega-me o sabor do veneno. Amargo e cruel. Magoando-me outra vez. Esmagando o que outrora cicatrizou inúmeras vezes.
Antídoto inexistente. Só o próprio veneno. "Fogo com fogo". Aqui é outro mal que se aniquila a ele mesmo. Ou pelo menos ameniza a dor. Essa não quer acabar. Como um parasita instalou-se e quer ficar. Qualquer lembrança é suficiente para mostrar a sua presença e magoar de novo."
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