sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Untitled (2)

23h56 5 de Fev, Eu:

Por ser infeliz sinto o desdém
Desta triste vida que percorro
Quem podia, não me faz bem
E no silêncio quase morro

Quando persisto, falho tudo
E distância rouba-me o ar
Tua suave voz me faz mudo
Só ela me permite sonhar

Uma chance é só o que peço
Se fracassar não te recrimino
Se te doer, logo me despeço
E meu sentimento elimino

Não consideres menos de mim
Se sem pré-aviso me isolar
Mas dói menos impor um fim
Que arriscar e ver-te chorar

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Caminho

Terrível este silêncio que nos separa. Não bastava já a distância.
O desejo de quebra-lo, falar e ouvir a tua voz é enorme. Só lhe resisto por o medo ser maior. Medo de cair ainda mais nas profundidades do desprezo que me tens vindo a dar.
Acabo por ficar calado. Resumo-me ao meu dia-a-dia e faço de conta que não importas. Tento esconder a falta de ti e esforço-me para não transparecer esse vazio.
Vejo os dias e as horas que passam sem ter qualquer conhecimento da tua pessoa. Observo apenas, pois interagir pode originar numa qualquer conversa, destinada a acabar abruptamente com o teu silêncio e a deixar-me na expectativa de uma resposta oca.

Não deixei de ter rumo, todavia questiono se este caminho que continuo a percorrer, me está a levar para um destino que me preencha na verdade, quando atingir o mesmo. É seguro preponderar neste aspecto, visto que no início da viagem apenas temos uma noção do caminho a percorrer e alguma certeza da meta. Só no momento, é que haverá uma maior confiança de que é por ali que queremos ir, de que é ainda aquele fim que pretendemos.
Então, fazem-se linhas a tracejado até ao objectivo. Temos ideia de que é por ali que iremos e que o rumo não se desviará muito. Definimos pontos de passagem preferidos e esperamos conseguir passar por eles.

Não vejo o fim do meu caminho, nem tento espreitar. Aplico-me apenas em traça-lo mais ou menos direito, mesmo sem jeito nenhum para desenhar. Lá há uma ou outra curva ou desvio inopinado pelo meio, derivado de influências pessoais - relativo a pessoas, não a mim, pessoalmente. Emprego a pouca experiência que adquiri para não me afastar em demasia dessa linha guia por onde me oriento, contudo esse controlo que tento impor é apenas uma miragem e eu simples fantoche. E embora sem querer, por não acreditar, não deixo de ponderar se não é Ele que anda a escrever o meu caminho torto.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Orgulho

Preciso que me ouças. Não preciso que entendas ou que percebas. Ouve-me apenas, se faz favor. Quero-te falar dos meus problemas e ao mesmo tempo fazer algo que me distraia deles. Apetece-me fumar, beber e apagar. Quero tudo e nada ao mesmo tempo. Quero a felicidade a que tenho direito, pois não me consigo esquivar das tristezas que sinto. Desejo sossego e paz, contudo é nesses momentos que as mágoas me afogam e obrigam a que me isole para não me verem a chorar. Não gosto que vejam. Evito ao máximo, pois já menti vezes demais quando me perguntam o que tenho. Não posso, não quero, não foi assim que aprendi a ser. Sempre que puder, irei prevenir que vejam para dentro desta barreira que elevei à minha volta. Mostro apenas o que eu decidir, a quem eu escolher. Expor sentimentos é sinal de fraqueza. Aprendi isso à própria custa, não voltarei a errar.



Preciso que fales comigo. Preciso que me transmitas o que vai nessa tua mente. Talvez precisar não seja melhor a palavra, mas de momento não consigo pensar direito. Sei sim que é bom ouvir-te falar. Por mais entediante ou obscuro que seja o tópico do teu diálogo. Ou talvez monólogo, não sei. Depende do que falares. Mas há em mim uma grande certeza da necessidade de ouvir a tua voz, independentemente do que possas dizer. Escolhe qualquer coisa e começa a falar. Não me importa se decidires falar do tempo, se quiseres falar dos teus amigos ou se me quiseres elogiar ou insultar, embora aposte na última. Não tenhas medo e fala. Não vou a lado algum. Vou-te ouvir do início ao fim. Vou me alegrar com cada sorriso teu e aguentar cada lágrima tua. Estarei lá para ouvir o que tens a dizer.