segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Ainda

Continuo a achar estupidamente complicado de olhar para lá e saber que durante horas será apenas o meu coração a bater naquele espaço para dois. Já faz mais que tempo desde que o calor é partilhado no aconchego do sono e num eventual despertar conjunto. E em nada serve o lamento que sufoca o ardor dessa falta inesperada e sentida, mas o mesmo peso que desliga os sentidos, facilmente é movido para o sarcasmo e melancolia que servem de alimento ao sujeito comum. Consequente dessa prática, surgem momentos de íntima ligação com a mente mais propícia e/ou mais próxima, que tornam toda a memória da experiência num raio de luz intensamente quente. Nada, ou quase nada, é recordado com lamúria ou desgosto e no final de contas o calor acaba por ser suficiente e o espaço por ser ocupado. O espaço literal, porque a lacuna interior, essa não há quem a preencha. Ainda.