terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Mensagem

"Finalmente em casa" pensei depois de dia tão agitado. Tirar a roupa, ficar à vontade. Chegar à mesa e ter o jantar pronto. Que bom! O cansaço foi tanto que a dor nos olhos me forçou a arrancar as lentes. No fim de jantar fiz o meu ritual. Ir até à varanda, fechar a porta, para cortar o ruído de dentro, e apoio-me no parapeito. Só o suficiente para fechar a janela contra o meu pescoço e apenas ouvir o som de trás de minha casa. Aquele som indescritível do encontro entre o campo e a cidade.
O facto de ter as lentes ajudou. Por mais que tentasse apenas vi-a o estranhamente belo clarão da cidade. O dia foi longo e o descanso é merecido. No entanto, a vida virtual ocupa-me e quando dou por mim são duas da manhã. Chego a cama e a luz do monitor do portátil acaba por se desligar. Apenas para passados segundos se ligar de novo. Tinha uma mensagem. Daquelas que não se gosta muito de falar, mas que eu adoro por que me fazem pensar. E quando se pensa, escreve-se:

É normal, mesmo passado anos, ainda sentir um afeto/carinho especial por uma rapariga? E sentir esse mesmo sentimento, mas em relação a todas as raparigas com  quem estiveste? Um sentimento que te impede de esquecer o lado bom das coisas. Um sentimento que te impede de não ajudar quando te chamam.
Dizem que sou simpático. Ás vezes sou simpático demais e há quem se aproveite das situações. Eu acho que sou masoquista.

Uma pessoa "perfeita", quando magoada, não voltaria a cometer o mesmo erro. Uma pessoa normal, nesse mesmo caso, talvez caia na mesma asneira duas ou três vezes. Então como se chama à pessoa que cai vezes e vezes sem conta no mesmo buraco, sabendo que aquele caminho não mudou e que o buraco está lá no mesmo exato sítio? Estúpido? Anormal? Ceguinho?! Eu prefiro masoquismo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Dezassete do Nove

Tenho imensas saudades tuas! Apetece gritar essas quatro palavras até tu as conseguires ouvir aí tão longe.
Tudo começou quanto disseste que eras capaz de ir para fora. Não me atingiu muito porque ainda havia a incerteza. Passado umas semanas chegou a confirmação. Senti um calafrio quando me disseste que ias mesmo. Foi aí que, talvez desesperadamente, me aproximei de ti. Mas no fim a distância aumentou. Tiveste que ir, eu sei. Por ti ficavas cá. Comigo e com todos os outros que te fazem sentir em casa! Que te irão fazer sentir em casa quando cá voltares! Volta rápido.
Hoje dei por mim no carro na pose do costume: óculos de sol, auriculares nos ouvidos, a olhar pela janela e a levar com o vento na cara. "Hoje é o meu dia", corria-me pela mente. No entanto olhei para o lado e senti a falta de algo. Senti a tua falta. Foi tão forte e tão de repente que não aguentei. O calor era tanto que as lágrimas secavam antes de lhes sentir o seu sabor salgado no canto da boca. Ninguém viu. Ninguém notou. Não me contive, mas o rádio alto e os óculos disfarçaram a minha emoção.
Depois do sucedido acalmei. Pensei ter sido um desabafo emocional repentino. Talvez tenha sido exatamente isso, mas o que eu tomo como certo é a força com que isso me atingiu. Senti-me inseguro e prestes a cair a cada passo possível de dar. Senti-me desamparado e sem aquela segurança dita normal de existir a cada situação leviana da vida. Lá está, senti a tua falta. A tua presença era tão normal e segura que, de certa forma, tinha sido tomada como garantida. Agora vejo e sinto que não. Dizem que é o chamado "crescer". Senti e cresci. Pena que tenha sido preciso esta chapada psicológica para tal. Acaba por ser mais uma numa vida de estaladas!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Arrepio na espinha.

Era meia-noite e vinte e dois minutos. Não vi os segundos. Mas sei que foram mais de sessenta os segundos que durou o meu arrepio na espinha. Estava a sair da minha sala e lembrei-me da sala de tua casa. Lembrei-me de como desligavas a box da televisão. Coisa banal, mas que vi à minha frente como se de uma alucinação fosse. Demasiado real, se é que queres saber. E no fim desse momento apenas um pensamento me vem à cabeça. Tu nesse preciso instante. Passou-se algo?
Nunca fui muito com bruxarias, magia, etc. A verdade é que depois de milhares de coincidências extraordinárias que "tivemos" fiquei um pouco crente de que há mesmo coisas que acontecem por uma razão. E talvez que, pelo facto de terem sido anos juntos, algo ficou dentro de nós. Uma lembrança. Uma ligação. Diziam que éramos parecidos e passávamos por irmãos. Talvez tenha ficado uma ligação como dizem ter os gémeos idênticos. É por isso que me questiono se se passou algo nesse momento.
Era engraçado. Nada mais do que engraçado o suficiente para originar um sorriso na minha triste cara. Era engraçado, de alguma forma não direta, descobrir que de facto houve um acontecimento contigo nesse instante. Que o meu arrepio teve uma razão. Caso contrário, seria apenas um arrepio. Coisa tão indiferente como a minha reação cada vez que ouço o teu nome. Pensando melhor, estava cansado e não comi de jeito hoje. Meh, se calhar apenas me levantei demasiado rápido do sofá e bati mal. Caga nisso.