terça-feira, 30 de abril de 2013

Um Passo Em Frente

Não direi que sou corajoso para não parecer convencido, mas se disser que sou humilde não deixo de parecer convencido na mesma. Logo não me vou definir e facilito a coisa.
Sinto um medo avassalador do incerto. Do imprevisto. Saltos de fé não é coisa que puxe por mim. O receio de me aleijar bate qualquer tipo de coragem que possa residir em mim.
Falar do medo do futuro incerto já é cliché. Por isso vou denunciar um outro grande medo que me tende a perseguir. Eufemizando, tenho medo de dar um passo sem ver onde ponho o pé. Literalmente, apenas quando estou distraído é que não ando a olhar para baixo para ver onde caminho. Gosto de saber que nada me magoará ao dar esse passo. Só assim continuo o meu caminho.
Já dei demasiados passos em falso pensando que tinha onde me agarrar e depois caí. Várias foram as vezes em que me apoiava ao andar e do nada falhou o apoio e tropecei. Chega a um ponto em que a dor não se aguenta. Aí ganha-se o medo de andar sem olhar bem para o chão. Adquire-se até o hábito de olhar mais em frente para evitar certos buracos, postes ou um simples cocó de animal, para não dizer asneiras.
O hábito instala-se e, como aprendemos de pequeninos, começa-se a andar sozinho. O amparo que antes nos segurava desaparece e passamos a puder contar apenas connosco próprios. Hábito também facilmente enraizado.
Eis então que num belo dia, ao andar sozinho, na eminência de cair alguém nos segura. Uma boa surpresa que nos surpreende. Relembra-se o quão bom era ter aquela ajuda na nossa caminhada árdua e cheia de armadilhas. Quão mais fácil era caminhar em par. Sentir que podemos olhar mais em frente, sem medo de dar um passo, sem continuamente olhar para o chão que estamos prestes a pisar. Nostalgia que afeta qualquer um, especialmente o mais sentimental.
Caminhar sozinho é aborrecido e torna-se até triste. Daí a busca de alguém disposto fazer este caminho em conjunto. Saber que ao nosso lado está alguém que nos diz "dá esse passo em frente. Se caíres eu ajudo-te a levantar". Alguém que nos ajuda a superar o nosso medo e torne feliz a nossa caminhada.

domingo, 7 de abril de 2013

Pirâmide de Cartas


O tempo passa e tudo muda. É um fato que quanto mais depressa for aceite, melhor para ti e para todos à tua volta. O que mais facilmente se nota a mudar é o vocabulário  As definições de certas palavras. O uso de alguns verbos. Algo que passa despercebido a muitos porque provavelmente ajudaram nesta passagem.
O mais notável é o verbo mais usado nos tempos de hoje: Gosto. Um simples botão mudou o significado de um verbo para uma generalização demasiado global. Enquanto que na realidade há imensos verbos similares, com menos ou mais intensidade, na sociedade virtual há um apenas. Zero ou um. Sim ou não. Gosto ou a ausência dele. Simplista, é verdade. Daí a sua enorme aderência e fama. O problema é quando se espalha e afecta outras palavras. Outros verbos.
Ainda me lembro da primeira vez que o disse e que realmente o senti: Amo-te! Até lá chegar, e sentir que não era apenas mais uma forma de expressar que gostava dela, foi toda uma escalada por entre palavras e verbos amorosos. Quando já havia confiança lancei um Gosto de Ti para o ar e ela apanhou-o.
Era como construir uma pirâmide com um baralho de cartas. Tem de se começar pela base. Pela amizade. Se a base não estiver segura, o topo cai. Vai se subindo de nível sempre com segurança. Um passo em falso e caia tudo.
Mais tarde arrisquei de novo e, como quem não queria a coisa, disse Adoro-te. Consegui! Mais um nível da pirâmide seguro.
Com o passar do tempo a confiança aumentou. Ganhei ainda mais coragem e finalmente concretizei o que sentia em uma única palavra. Pequena e simples, mas ia carregada de sentimentos indescritíveis. Amo-te!
E agora, o que mudou? Não muito. Apenas se salta logo do primeiro beijo para a cama. Passado umas semanas de amizade já se usa o verbo Amar de maneira banal.
Matou-se um bocado, se é que não foi por completo, todo o romance que antigamente fazia chorar até aquela rapariga menos sentimental e fechada. Todo aquele cortejar da donzela. Tudo o que se fazia para se seduzir aquela rapariga que não nos saía da cabeça. Realmente fazer-se querer a nível do coração e não apenas a nível do exterior.
Ou então se calhar sou eu que dei para o sentimental hoje.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Live and let live

Gosto de pensar que a solução passa muito pelo Karma. Essa amiga de longa data.
Pratica o bem e boas coisas a ti virão. Ajuda o próximo e o que está longe.
Dá o que de melhor tens, sem esperar nada em troca.
Faz pela utopia onde tudo prospera. Onde não existe o mal e ninguém sofre.
Protege quem amas, como haverias de ter gostado de um escudo antes de teres sido magoado.
Não vires as costas ao passado ou a quem pede ajuda. Por muito que tenhas chorado.
Quem te diz se lá no fundo, o ser mais desumano que anda no mundo, não foi um dia o mais perto que houve da idealização da perfeição e que por ser como era sofreu uma lição. Ensinamento que não lhe era merecido, mas que a ele chegou num dia obscurecido em que o azar tomou o trono da sorte e assim fez chegar ao coração dele a morte?




"É só depois de sofreres que sabes como o evitar.
O problema é que há pessoas que por terem sofrido, têm uma necessidade de fazer outros sofrerem.
É mau, muito mau. Mas é a verdade e tu sabe-lo."
in MailsPerdidos