quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Mensagens

É o problema dos P's. Preocupar-me, ser Paciente, Pensar demasiado, Ponderar antes de agir. Foi apenas Pura coincidência, afinal. Independentemente da letra inicial, vai tudo dar ao mesmo. Vai tudo dar a ti. Vá, quase tudo, que eu desgosto de pessoas convencidas.
No fundo do cerne, vai é tudo calhar ao mesmo sítio. Ao centro da questão inadiável, mas que ninguém gosta de colocar por ser tão cliché que até o dicionário automático das mensagens escritas já te indica, mal escreves a primeira letra das palavras. Isto é: "Estás bem?".
É simples, directa ao assunto, sem rodeios. Talvez por isso mesmo é que raramente se obtêm respostas sinceras. Por ser tão assertiva, ninguém espera uma resposta "ao lado". É o dito "sim" ou "não". Responder talvez ou qualquer outro tipo de ideia que vacile entre o zero e o cem, dá azo a conversa e há quem não desfrute disso mesmo.
É bom receber uma destas. É sinal de que não agimos de forma indiferente e que há alguém que toma alguma atenção a nós. Ou que, subconscientemente, deixamos trespassar certos actos ou palavras que buscam essa mesma vontade de ter alguém que pense em nós e nos questione. Alguém que repare que algo está diferente e que nos pergunte, nem que seja, "Como vai a vida?".
Vontade essa que já me passou pelo pensamento e quase o ultrapassou, mas retraí a mesma. Pois por mais que seja a necessidade (e quase que é) de enviar essa mesma questão e obter uma resposta, de nada vale o esforço se, de antemão, já se antecipa um resultado viciado. Um retorno eufemizado com carinhas sorridentes e que nada ajuda a apaziguar o remetente. É aquela resposta afirmativa que é suposto dar a entender que tudo está nos conformes, mesmo que não esteja.
Daí surge o silêncio. Uma segunda vontade que supera a inicial. Porque entre ponderar, questionar e chegar ao ponto de querer saber se "Está tudo bem?" e ficar calado sabendo que a resposta vai ser falsa e manipulada para não incutir uma conversa mais profunda, escolho o imparcial que dá mais valor ao silêncio do que a um singelo retorno mascarado.

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