terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Caminho

Terrível este silêncio que nos separa. Não bastava já a distância.
O desejo de quebra-lo, falar e ouvir a tua voz é enorme. Só lhe resisto por o medo ser maior. Medo de cair ainda mais nas profundidades do desprezo que me tens vindo a dar.
Acabo por ficar calado. Resumo-me ao meu dia-a-dia e faço de conta que não importas. Tento esconder a falta de ti e esforço-me para não transparecer esse vazio.
Vejo os dias e as horas que passam sem ter qualquer conhecimento da tua pessoa. Observo apenas, pois interagir pode originar numa qualquer conversa, destinada a acabar abruptamente com o teu silêncio e a deixar-me na expectativa de uma resposta oca.

Não deixei de ter rumo, todavia questiono se este caminho que continuo a percorrer, me está a levar para um destino que me preencha na verdade, quando atingir o mesmo. É seguro preponderar neste aspecto, visto que no início da viagem apenas temos uma noção do caminho a percorrer e alguma certeza da meta. Só no momento, é que haverá uma maior confiança de que é por ali que queremos ir, de que é ainda aquele fim que pretendemos.
Então, fazem-se linhas a tracejado até ao objectivo. Temos ideia de que é por ali que iremos e que o rumo não se desviará muito. Definimos pontos de passagem preferidos e esperamos conseguir passar por eles.

Não vejo o fim do meu caminho, nem tento espreitar. Aplico-me apenas em traça-lo mais ou menos direito, mesmo sem jeito nenhum para desenhar. Lá há uma ou outra curva ou desvio inopinado pelo meio, derivado de influências pessoais - relativo a pessoas, não a mim, pessoalmente. Emprego a pouca experiência que adquiri para não me afastar em demasia dessa linha guia por onde me oriento, contudo esse controlo que tento impor é apenas uma miragem e eu simples fantoche. E embora sem querer, por não acreditar, não deixo de ponderar se não é Ele que anda a escrever o meu caminho torto.

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