quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Vício (2)

Doce beijo esse teu. Suave sensação que me dás cada vez que te toco, mesmo sabendo que me aproximas cada vez mais da morte a cada toque. Mas cada vez que te sinto apenas me faz desejar mais e mais. És viciante e apanhaste-me sem me aperceber das consequências, apenas pensando no bem estar momentâneo que me trazes cada vez que te tenho na minha mão. O perigo que advém não me passa ao lado e nem assim deixo de te cobiçar mais e mais. Tornaste-te na droga pela qual desespero diariamente, nunca total ou completamente ao meu alcance. 
Incitas em mim uma força artificial que, apesar de conseguir, não pretendo controlar. Dar as rédeas a essa energia impulsiva ajuda a subir mais alto nessa emoção que me trazes a cada simples contacto. A cada segundo que passa o tempo apressa-se. A cada respiração os pulmões se enchem mais. A cada batimento o ciclo cardíaco acelera. Surge a dor no peito da pressão que me fazes sentir, por me obrigares a lidar com as sensações que me despertas.
Procuro maneiras de te largar ou substituir. Nada resulta. Transformaste-te no remédio intrínseco que me ajuda a mover e me faz querer continuar. Talvez a solução não seja anular o desejo que tenho por ti, mas sim amenizar a vontade de te ter comigo. De te ter na minha mão. De sentir o calor que me transmites a cada toque teu. Diminuir o apetite de ti. Aprender a viver com esta ânsia de te querer a cada momento e saber que não é possível. Para tal o ser, deixaria de viver. Única coisa da qual não abdicaria para te ter como estimava.

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