quinta-feira, 25 de julho de 2013

Uma Tarde

"Vens ter a minha casa ou vou eu ter à tua? É melhor a segunda que os meus pais estão em casa. Vou mandando mensagens enquanto apanho vários autocarros até tua casa. Compro qualquer coisa pelo caminho para o lanche, para o jantar, para brincar depois de comer. Mal chego sai um peso de cima de mim de desconforto. Sinto-me mais em casa do que em casa.
Vamos para o sofá enquanto não dá a fome. Zapping pelos canais habituais. Não gosto. Nada de jeito. E enquanto estás distraída com o telemóvel ou computador, passo pela tua séria favorita. Volto atrás e mostro-te que está a dar, só para aumentar o sorriso que já estava estampado na tua cara.
Um beijo no pescoço. Um abraço mais forte. Uma mão. Uma perna. Já cagaste na televisão. No fim dá a fome. Deixa-te estar aí que eu vou fazer um petisco. Queres beber alguma coisa? Eu trago também. Não aguentas um segundo, pois não? Tinhas de vir ter comigo à cozinha. Bem tento cozinhar, mas estás-me a distrair. A roupa de casa não ajuda. Lume no mínimo e mais uma sessão. Deixo-te a meio porque a comida já está pronta. Deixa matar a fome e já lá volto.
Colamos os dois na série que está a dar. Abraçados e meio deitados no sofá, enquanto se fuma o cigarrinho depois de comer. Acaba a série e não te mexes. Eu só me enrosco mais. Tanto no sofá como em ti. Desligo a tv só para ouvir a tua respiração. O teu coração bate calmamente junto do meu ouvido. A sensação de bem estar é extrema. Por ti ficávamos assim até eu ter de ir embora. Antes que comeces já a olhar para as horas, uso o meu infalível truque. Ah! Cócegas. Lá ficas tu a rir durante cinco minutos depois de eu parar. Ai esse riso à carro da formula um.
Há tempo para mais uma sessão? Não, há tempo para duas ou três. Há o tempo que houver para gastar menos uns minutos para arrumar a casa antes de me ir embora. Hoje não dá para ficar contigo. Era a cereja em cima do bolo. Um dia destes há-de dar. Saio com uma dor enorme na cara. A dor física de ter estado o dia todo a rir e sorrir é enorme. Sabe bem ter essa dor. Mesmo horas depois do último relance de ti a despedires-te da janela, ainda estou com um sorriso estúpido de felicidade na cara.
À noite uma mensagem e um beijo. Combinamos o quê amanhã? Vamos passear? Queres ir às compras? Vamos à praia se estiver bom tempo? Ou repetimos o dia de hoje e ficamos em casa sem fazer nada? Escolhe tu. Por mim tanto faz, desde que me concedas a tua companhia. Bem me parecia. Mais um dia no sofá. E que bom que vai ser."

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