segunda-feira, 28 de julho de 2014

Livre

Não te metas por aí, já sabes que é um beco sem saída. Já passaste por essa cortada várias vezes e sempre que viras-te para lá foste embater na parede. Já devias perceber por este andar que não vais conseguir manda-la a baixo, por mais que tentes. Continua no teu caminho, com as habituais paragens pelo meio, e ignora aquela cortada. Acelera quando passares por lá, é melhor. Antes que caias na tentação de ligar o pisca sequer.
Já devias ter aprendido que isso contigo não funciona. Não és normal e, como tal, não ages como os restantes mortais. Não te está no sangue, na cabeça ou no coração essa hipotética paragem que está ali ao virar da esquina. Isso iria impor estares quieto e a monotonia sempre foi o teu arqui-inimigo. Levas à letra o ditado "parar é morrer". Vais morrer um dia e vais, por isso o melhor é mesmo aproveitar. Queres liberdade para fazer o que te dá na real gana, sem preocupações, ressentimentos ou remorsos à posteriori.
Não queres que nada te segure, amarre ou se junte sequer. Isso implicaria teres de te retrair. Não seres quem tu és. Isso para ti é contraproducente e antinatural. O som das correntes faz-te comichão. A imagem de uma jaula faz-te impressão. O simples conjugar do verbo prender faz-te arrepiar a espinha. Nada te vai agarrar, porque não vais deixar. Porque não vais dar espaço para isso. Porque até o mais bonito laço te sufoca.

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