segunda-feira, 21 de julho de 2014

Palavras Etilizadas

Continuamente à espera desse momento em que quebras as tuas barreiras e decides iniciar o contacto, o dialogo, a conversa. Já resistes à tentação há demasiado tempo e não aguentas mais essa falta de comunicação. Necessidade levada quase ao extremo fervor do quente interior que sentes cada vez que paras, sozinho, sem música. Nesse momento nada mais tens a fazer senão que pensar. Escusado é dizer no que te vem primeiro à cabeça. É mais que instintivo, é intuitivo e icástico e não há corrente que prenda essa vontade intrínseca de algo tão banal como ler uma mensagem. Lendo-a, obviamente, no teu pensamento com a voz que não é tua, mas que não consegues de modo algum esquecer. Repetes no teu profundo cerne essa doce melodia que já tantas vezes ouviste e que não é capaz de te enfastiar. Pelo contrário, anseias pelo momento seguinte em que tal voz não irá provir do teu pensamento, mas sim da sua origem natural. Calmamente, como habitual, ouves cada palavra e libertas todos os teus instintos de salva-guarda que quotidianamente usas para te proteger dos demais. Cessas o controlo que impões à tua respiração e deixas o sangue fluir pelo corpo, sem domínio algum. Sensação de uma total despreocupação, como se nada te pudesse tocar, muitos menos magoar.
Tudo isto através de algo tão singelo como uma mensagem, uma palavra, um olhar. Tão simples e puro que não necessita de explicação ou contestação. Fechas os olhos, aceitas e esqueces que as portas que estás a abrir já um dia foram arrombadas, pisadas e queimadas. Acolhes essa sensação e relembras-te de que o passado, ainda que recordado, está lá atrás. O futuro vais tu escreve-lo. Cada livro, capítulo, parágrafo, frase, palavra, letra e sinal de pontuação. Não te esqueças de pontoar! Afinal de contas, é através desses sinais que te vais aperceber do quão feliz foste quando recontares estas histórias aos teus filhos.

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